Prever medo e preocupação é a resposta natural às notícias de que “uma recessão pior que todas as recessões” é inevitável. Sem dúvida, a recessão mais profunda em 300 anos ocorrerá em indústrias, negócios, meios de subsistência e vidas. Ninguém pode esperar ficar imune, pois ela põe de cabeça para baixo a prosperidade contínua que a sociedade ocidental espera. É difícil olhar para um futuro sombrio de dificuldades em potencial e esperar satisfação. Como é possível que alguém possa experimentar alegria em meio a isso? Evidentemente, isso só pode acontecer se a fonte de nossa alegria estiver acima e além das coisas materiais. Um verso notável nas Escrituras oferece verdadeira alegria em Deus, apesar do colapso econômico. Embora o suprimento de comida fosse cortado, o profeta Habacuque poderia dizer: “Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação”. (Habacuque 3:18). Como podemos compartilhar a mesma experiência?
Habacuque está olhando para um futuro no qual a guerra despojou a terra, tirou inúmeras vidas e ele viu muitas pessoas sendo levadas para o cativeiro. As árvores frutíferas não vão florescer (o que significa que não há frutas). Não haverá óleo das oliveiras e não haverá colheitas nos campos ou gado para trabalho ou comida. Toda fonte de subsistência econômica desapareceu. Esse é o colapso econômico real e total.
Não apenas todos os confortos das criaturas serão removidos, mas também todos os meios de subsistência. Tudo será tirado, exceto o próprio Deus. É por isso que ainda é possível se alegrar em Deus. Sua alegria não vem das bênçãos externas que Deus concede ou do fato de que as coisas estão indo bem. Ele olha e encara completamente o desastre inevitável e resolve ter alegria em Deus. Somente a fé pode lidar com problemas dessa maneira. A fé se alegra com a esperança de libertação e tira consolo do próprio Deus. Ela olha para a aliança de Deus e promessas para o Seu povo.
Habacuque é capaz de crer que Deus seria a força da Igreja quando todos os outros meios de apoio falhassem. Deus os reuniu e os traria de volta à Sua Igreja depois de os dispersar. Ele até os tornava tão ágeis quanto as corças que pulam nas montanhas para superar todas as dificuldades no caminho. Mais uma vez desfrutariam da comunhão com Deus no templo, nas montanhas sagradas (Salmo 87:1). O seguinte extrato atualizado é dos comentários de George Hutcheson sobre esses versículos (Habacuque 3:17-19). Mostra que essa alegria espiritual surge do exercício firme da fé em Deus.
1. A FÉ CONFIA APENAS EM DEUS
Faz parte do trabalhar do Senhor nos problemas da Igreja durante grandes e angustiantes calamidades, remover todos os motivos de confiança que possa haver em qualquer coisa além de Deus. Não há especulações infundadas ou impossíveis de que “a figueira não floresça etc.”. É o que a Igreja pode esperar em suas aflições.
2. A FÉ CONFIA EM DEUS, NÃO IMPORTA O QUE ACONTEÇA
A fé nunca está bem fundamentada ou agindo, enquanto o crente limita a extensão do problema que pode suportar. Se não devo dizer que o problema pode chegar até aqui e não mais. Ela precisa enxergar além desses limites e estar disposta a se submeter ao pior que possa acontecer. O profeta antecipa que o próprio curso da natureza para a preservação humana pode falhar, para que ele possa simplesmente se lançar totalmente em Deus.
Quando todos os motivos de encorajamento na terra falham, há recursos abundantes para o apoio do povo de Deus. Isso será suficiente para fazê-los subsistir, agir, sofrer ou fazer o que Ele ordenar que eles façam. Esses recursos estarão prontamente disponíveis para aqueles que se negam e esperam em Deus. O profeta, ao negar a si mesmo, considera o Senhor como sua força (v. 19, ver Isaías 40:29-31).
A fé, em tempos difíceis permanece firme, quando considera que Deus (que é onipotente e todo-suficiente) vive, o que quer que possa vir ou ir. É comum Deus dar libertação de acordo com a aliança quando todos os outros meios falham. Também é comum que os santos entendam dessa maneira e em um momento (e não antes) que Deus é conhecido na Igreja pelo seguinte título: “o Deus da nossa salvação”.
3. A FÉ CONFIA NAS PROMESSAS, APESAR DAS PIORES PROVAÇÕES
As misericórdias prometidas à Igreja são mais seguras do que o próprio curso da natureza. Assim, a fé que se apodera dessas promessas sobreviverá a pior das tempestades sem desmaiar. O profeta é capaz de dizer em nome da Igreja que “embora a figueira não floresça … todavia eu me alegrarei no Senhor” (Habacuque 3: 17,18).
O cumprimento das promessas do Senhor é tão certo que toda promessa de misericórdia é também uma garantia de que todo impedimento que possa ficar no caminho seja removido. Os profetas dizem que Deus “fará meus pés como os das cervas”. Ele me fará andar sobre todos os impedimentos e me fará andar sobre as minhas alturas (v.19).
4. A FÉ VALORIZA AS MISERICÓRDIAS DE DEUS
As misericórdias de Deus costumam ser pouco pensadas quando são desfrutadas. A falta delas revelará, no entanto, quão ricas elas eram e tornam a sua restauração doce. Desfrutar de Deus em Suas ordenanças está, para os piedosos, muito acima de qualquer outra porção. O profeta, portanto, chama a terra e a montanha do templo de seus lugares altos (v.19). Isso foi para mostrar que, embora fosse uma terra montanhosa em comparação com a agradável terra da Babilônia, ainda assim era sua escolha acima de todo o mundo. Seria bom ser restaurado novamente com liberdade.
5. A FÉ PRODUZ ALEGRIA, BEM COMO RESISTÊNCIA
A fé não é dada apenas em tempos difíceis para nos sustentar, mas também para nos fornecer motivos de alegria e triunfo. Devemos nos esforçar para buscar isso como algo que honra a Deus. É uma evidência de que recebemos mais da parte dEle do que os problemas podem tirar de nós. É também um meio de ajudar a suportar os problemas. Isso ocorre porque ela evita o extremo desânimo ao qual nos leva. Também é um testemunho que esperamos receber o bem por meio de problemas, de ter algo que eles não podem alcançar e remover. O profeta, portanto, resolve se regozijar de alegria em meio a sua calamidade.
É uma evidência notável de amor para com a Igreja aflita e deve ser motivo de alegria, quando ela é apoiada e evita desmaiar devido a seus problemas, mesmo que ela não tenha nada além disso. O profeta se alegra aqui por ter força (v.19, ver 2 Coríntios 12:8-10). Quando a fé se apodera de Deus em busca de força em um momento difícil e com um resultado abençoado, ela deve suscitar louvores esperançosos, mesmo em meio as dificuldades.