O Completo Remédio Para Superar Os Desencorajamentos Espirituais

Muitas coisas ao nosso redor parecem conspirar para nos levar às profundezas do desânimo. Podemos ver claramente que as coisas não são como deveriam ser. Talvez procuremos por frutos em nossos pacientes esforços ao semear aos os outros e isso não parece promissor. Então nos cansamos de fazer o bem. Os ministros são facilmente tentados ao desânimo em meio aos seus trabalhos. Também não é difícil ficar desanimado devido às coisas internas, especialmente ao estado e progresso espiritual. Como escapamos de sermos sugados para a espiral do desespero? A única fonte suficiente de ajuda é a graça divina.

John Welwood (1649-1678) sofreu muito, embora tivesse apenas vinte e poucos anos. O resumo a seguir é de uma das muitas cartas que ele escreveu durante suas provações e perseguições. Ele estava indo de um lugar para outro por toda a Escócia, pregando como podia. (Mais informações sobre sua vida podem ser encontradas no final deste artigo). Ele era um pregador especialmente poderoso e dizia-se que seus sermões tinham um “zelo ardente”.

1. Nada deve desencorajar um cristão

Eu não conheço nada que desencoraje um cristão. Não há um desânimo em toda a Palavra de Deus, mas os seus encorajamentos são muitos. Mas através da nossa insensatez e incredulidade, perdemos o conforto deles.

2. Nossa culpa e ignorância não nos devem desencorajar

Deve a culpa nos desencorajar? “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Cristo diz ao Pai que, se o cristão deve alguma coisa a Ele, “que ponha na minha conta”. “O sangue da aspersão, fala melhor do que o de Abel” (Hebreus 12:24).

Deve a ira desencorajar-nos? Ele nos “resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gálatas 3:13). “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).

Nossa ignorância deveria nos desencorajar? Apesar de sermos como animais diante dEle, Ele está continuamente conosco e nos guia como um rebanho. Nossa segurança não está em nossa sabedoria e liderança, mas na Sua. Embora sejamos tolos, nosso piloto é habilidoso e cuidadoso.

Um corpo de pecado e morte nos desencoraja? De fato, temos razão para clamar: “Ó miseráveis que somos!”, “Quem nos livrará disso?” (Romanos 7:24 e 8:2). Isto nos enfraquece e nos engana, inclinando-nos pouco ao que é bom, mas muito para aquilo que é ruim. Isso nos torna pouco inclinados e lentos para cumprir nosso dever e nos tira da condição certa para fazê-lo. E se dissermos que seremos sábios, isto ainda estará longe de nós. No entanto, Sua graça é suficiente para nós.

3. Graça suficiente para esses desencorajamentos

Nossa segurança não depende da graça dentro de nós, mas da graça fora de nós. Até onde iríamos se Ele nos deixasse por apenas um dia? Ele nos deu a promessa de que Sua graça seria suficiente para nós. É por essa graça que estamos de pé. É por isso que “somos feitos mais do que vencedores” em todos os ataques e tentações externas, de Satanás e do mundo. É Ele quem nos guarda das tentações e nos liberta do mal.

Não devemos, portanto, ser desencorajados por um corpo de pecado e todos os inimigos que se juntam a ele. Devemos “ser fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”. Aquele que está conosco é poderoso.

4. Nosso pobre crescimento em graça não deve nos desencorajar

Nosso pequeno crescimento na graça e no conhecimento de Cristo nos desencoraja? Essa é realmente a nossa grande queixa “nossa magreza, nossa magreza”. É apropriado que as pessoas cresçam em pensamentos pequenos sobre si mesmas, pois Ele habita com os humildes.

Quanto mais as pessoas têm graça, mais elas veem a corrupção. Quanto mais elas têm fé, mais elas veem a incredulidade. É apropriado que as pessoas tenham tais operações dentro delas, para mantê-las vigiando e lutando. Em que condição má nos encontramos, quando não temos esse trabalho para fazer. Além disso, muitas vezes fazemos da graça um ídolo e o valorizamos mais do que o Senhor Jesus como o Autor dela. Ele pode nos dizer: Não tenho mais valor para você do que muita graça? O Deus de toda graça é nosso. A fonte é nossa; nós somos completos Nele.

5. Graça suficiente está em Cristo e não em nós

É melhor que Ele possua o nosso tesouro do que se nós mesmos o possuíssemos. Nós desejaríamos ter, de uma só vez, tudo que precisamos para nossa jornada. Isto ainda é o que almeja os nossos corações, e teríamos um estoque de graça dentro de nós para que não fôssemos obrigados a sempre ir a Cristo para buscar contínuo suprimento. Pensamos que é uma vida indigna viver como mendigos ou ser como menores que precisam ter um tutor.

Pensamos que o que está em nossas mãos está mais seguro do que se estivesse nas mãos de Cristo. Mas Adão tinha seu estoque em sua própria mão e ele perdeu tudo, indo à falência. Embora tivéssemos tanta graça quanto possível, nós perderíamos tudo se Sua graça não nos guardasse a cada dia e momento. Não é nossa graça e dignidade que nos recomenda a Deus, mas somente a justiça de Cristo. Estamos sujeitos a Deus pela graça que recebemos, não Ele a nós. Se Ele nos mantiver com pouco em nossas mãos, devemos estar contentes e não nos afastarmos Dele, porque Ele não encherá nossas bolsas de dinheiro, já que temos acesso à casa do tesouro.

6. Nossa falta da presença de Deus não deve nos desencorajar

Deus está nos desanimando? Às vezes pode haver muitos nevoeiros e nuvens em nosso mundo, quando há um bom tempo acima deste. Embora nossos sentimentos nos digam que Seu amor muda, não há “variação, nem sombra de mudança” Nele. Ele nos ama quando Ele esconde o rosto e quando sorri. Ele tem muitos propósitos sábios e santos em todas as aflições que encontramos. Elas devem servir de lastro para nós. Alguém poderia pensar que é estranho ver sacos de areia sendo lançados em um navio, mas é necessário, visto que sem isso o navio poderia ser destruído. Nós iríamos de mal a pior se nos faltasse o lastro da aflição. Nossos corações estão prontos para se tornarem desatentos num dia bom. As aflições nos dão a experiência do poder, amor, sabedoria e fidelidade de Deus ao nos submeter a elas, ordenando-as para nosso benefício e nos libertando delas.

John Welwood

Depois de esconder-se em Moray e Fife e outras partes do país, Welwood foi banido para Perth em 1679. Infelizmente, ele só sobreviveu em Perth por três meses antes de contrair uma doença e morrer aos trinta anos de idade. Durante seu curto tempo lá ele continuou a pregar, principalmente para as famílias que vinham visitá-lo no lugar onde ele estava hospedado.

Em seu leito de morte, ele disse que tal era sua certeza, que ele não tinha mais dúvidas de estar em Cristo, mais “do que se eu já estivesse no céu”. Em outra ocasião, ele disse: “Embora eu tenha estado por algumas semanas sem sentir uma presença consoladora, ainda assim não tenho a mínima dúvida da minha salvação em Cristo”.

Na manhã em que ele morreu, quando observou a luz do dia ele disse: “Agora luz eterna, e não mais noite e trevas para mim”. Sua lápide tinha a seguinte inscrição: “Um seguidor do Cordeiro por meio de muitas tribulações”.

Second Reformation Author: John Welwood

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